O filé nosso de raros dias
A “Vejinha” (revista Veja São Paulo) desta semana rasgou o título “Facada no Bolso” para comentar o aumento desmedido da carne bovina nos restaurantes paulistanos. A alegação dos proprietários de churrascarias e restaurantes é a de que “os fornecedores de carne estão cobrando até 40% a mais.”
Em parte, parece que eles têm razão. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe)aponta que o filé-mignon subiu 67% nos últimos meses do ano passado. No tradicionalíssimo Filé do Moraes, no coração da cidade, o prato foi de R$ 67,30 para R$ 94,50, ou seja, aumentou 40%. Seus sócios argumentaram que a carne no atacado elevou-se 56%.
É importante ressaltar que a inflação fechou o ano em 5,79% em São Paulo. Apesar de os restaurantes e churrascarias continuarem cheios, o bolso do paulistano está sentindo o golpe. Até quando vai suportar, veremos !
Na verdade, o ano passado foi difícil. Houve estiagem forte em vários estados, o pasto secou como emMato Grosso, e a boiada não chegou ao frigorífico. Quem não se lembra que em novembro a arroba emplacou R$ 120? E continua alta agora. Além disso, é inquestionável a melhora de renda no lar do brasileiro, o que o leva à busca de alimentos mais sofisticados.
Sylvio Lazzarini, do restaurante Varanda, que é também de uma família de pecuaristas, explicou a Vejinha que, para complicar, muitos produtores de gado estão se dedicando a outras atividades, como o plantio de soja e cana. Além disso, ele afirmou que as importações de Argentina e Uruguai caíram. Opinião pertinente: a Argentina, por exemplo, vive uma crise sem precedentes na pecuária de corte.
Em entrevista à revista Globo Rural de janeiro último, José Vicente Ferraz, da AgraFNP, de São Paulo, prevê uma certa elitização da carne bovina em todo o mundo devido à subida forte nos preços e à demanda que cresce nos países emergentes. Ferraz não está sozinho.
Em tempo: reportagem aqui mesmo no nosso site constatou que os consumidores brasileiros estavam deixando de lado a carne nobre e optando pelo produto de “segunda.”
Sebastião Nascimento
Fonte: Revista Globo Rural
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