A pesquisa da CNA gerou reação do Incra e do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Agentes ouviram 1000 famílias. Segundo o estudo, a maioria não consegue gerar renda dentro da propriedade.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil divulgou uma pesquisa que mostra o perfil dos assentamentos da reforma agrária. O estudo foi feito pelo Ibope.
O estudo revela condições de vida das famílias que receberam terras da reforma agrária e se instalaram em nove assentamentos espalhados pelo país. Os pesquisadores ouviram mil famílias.
Sessenta e um por cento das famílias disseram que receberam ou compraram as terras de outra pessoa. Sessenta e quatro por cento informaram que têm criação de gado. E mais da metade apostam na produção de milho, legumes, verduras e frutas.
Mas, segundo a pesquisa, apenas 27,7% conseguem produzir o suficiente para sobreviver e ainda vender o excedente. A maioria, que soma 72,3%, não consegue gerar renda dentro da propriedade.
Para a presidente da CNA, Katia Abreu, a pesquisa mostra que o processo de reforma agrária não tem sido eficiente. “Essa pesquisa demonstra que precisamos aperfeiçoar este modelo, que precisamos melhorar esse formato, que ele não é adequado, pois ele não está gerando renda, ele não está gerando uma melhora na vida das pessoas. Muito pelo contrário. São favelas rurais que estão sendo criadas no campo. Essas pessoas totalmente excluídas das políticas públicas. E isso precisa ser revisto”, disse.
De acordo com a pesquisa da CNA, a maioria dos assentados tem baixa escolaridade, quase nenhuma formação profissional. A renda familiar de mais de um terço dos entrevistados não passa de um salário mínimo. E 75% deles declararam que não têm acesso ao crédito do Pronaf.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, rebateu os dados da pesquisa. “Nunca os assentados tiveram tanto volume de crédito e de forma tão adequada à implantação dos assentamentos. Não temos nenhum problema relativo a isto”, falou.
O presidente do Incra, Holf Rackbart, também comentou os resultados da pesquisa. “Os assentamentos produzem muito. Essa pesquisa, no meu entender, tem o objetivo de desqualificar a reforma agrária e, na minha opinião, não reflete uma amostra da realidade dos assentamentos da agricultura familiar no Brasil. São mais de um milhão de famílias que vivem. Só mil foram entrevistadas”, concluiu.
O presidente do Incra disse ainda que o governo está realizando um levantamento para identificar a produção nos assentamentos. O estudo deve ficar pronto até o fim do ano.
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